O que é TR: Taxa Referencial
Entenda tudo sobre a TR (Taxa Referencial): como funciona, como é calculada, seu histórico e impacto no FGTS e na poupança.
Definição de TR
A Taxa Referencial (TR) é uma taxa de juros de referência criada pelo Banco Central do Brasil em 1991. Sua principal função é servir como indexador para diversos contratos financeiros e operações no mercado brasileiro, especialmente para a poupança, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e financiamentos habitacionais.
A TR foi estabelecida durante o Plano Collor II, período de reformas econômicas no Brasil, como uma alternativa para indexar contratos financeiros de forma mais transparente e controlada pelo Banco Central. Ela substituiu outros indexadores que eram usados anteriormente.
Diferente da Selic ou do CDI, que são taxas de juros praticadas no mercado, a TR é uma taxa calculada pelo próprio Banco Central usando uma fórmula específica que considera outros índices econômicos.
Como a TR é Calculada?
O cálculo da TR é feito mensalmente pelo Banco Central através de uma fórmula complexa que considera três componentes principais:
Componentes da Fórmula da TR:
1. Taxa Básica Financeira (TBF)
A TBF é calculada com base na média ponderada dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados de 30 dias negociados no mercado interbancário. Esta taxa reflete o custo de captação dos bancos.
2. Redutor (fator de redução)
O Banco Central aplica um fator redutor à TBF para calcular a TR. Esse fator é determinado mensalmente e visa ajustar a taxa de acordo com a política monetária vigente.
3. IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
O IPCA acumulado dos últimos 12 meses também influencia no cálculo da TR, garantindo que a taxa acompanhe a inflação.
Fórmula Simplificada:
A fórmula exata é complexa e mantida pelo Banco Central, mas pode ser resumida como:
TR = TBF × Fator Redutor
Com ajustes baseados no IPCA e condições do mercado
O Banco Central publica a TR mensal no Diário Oficial da União e em seu site oficial. A taxa é calculada e divulgada no último dia útil de cada mês, válida para o mês seguinte.
Histórico da TR
A TR teve uma trajetória interessante ao longo de sua história, refletindo as mudanças econômicas do Brasil:
Evolução Histórica:
1991-1994: Início e Alta
Criada durante o Plano Collor II, a TR começou com valores relativamente altos, refletindo a instabilidade econômica da época e as altas taxas de inflação.
1994-1999: Plano Real
Com a estabilização da economia após o Plano Real, a TR começou a diminuir, mas ainda mantinha valores significativos, chegando a mais de 3% ao mês em alguns períodos.
2000-2016: Declínio Gradual
Com o controle da inflação e a redução gradual dos juros no Brasil, a TR foi diminuindo ano a ano, ainda mantendo valores positivos na maioria dos meses.
2017 até hoje: Praticamente Zerada
Desde 2017, com a queda histórica da Selic e inflação controlada, a TR ficou praticamente em zero. Na maioria dos meses, a TR é 0,00% ou muito próxima de zero, o que impacta diretamente o rendimento do FGTS e da poupança.
Esse histórico mostra como a TR acompanha a evolução econômica do país. Quando a economia estava instável, a TR era alta. Com a estabilização e queda dos juros, a TR praticamente zerou, o que tem implicações importantes para investidores e trabalhadores.
TR e FGTS
A TR é um componente fundamental do rendimento do FGTS. O Fundo de Garantia rende:
FGTS = TR + 3% ao ano
O rendimento do FGTS é a soma da TR mensal mais 0,25% ao mês (equivalente a 3% ao ano)
Com a TR praticamente zerada desde 2017, o FGTS passou a render basicamente apenas os 3% ao ano fixos. Isso significa que o rendimento do FGTS ficou muito abaixo de outras opções de investimento disponíveis.
Impacto da TR Zerada no FGTS:
- Rendimento atual do FGTS: aproximadamente 3% ao ano (apenas os juros fixos)
- Rendimento histórico (com TR alta): poderia chegar a 6-8% ao ano ou mais
- Perda relativa: o FGTS perdeu cerca de 50% do seu poder de rendimento
- Comparação: hoje o FGTS rende menos que a própria poupança
Por isso, muitos especialistas recomendam que trabalhadores não dependam apenas do FGTS para construir patrimônio, mas sim o vejam como uma reserva de emergência complementar, investindo em outras opções com melhor rentabilidade.
TR e Poupança
A poupança também utiliza a TR como componente de seu rendimento. A fórmula da poupança é:
Poupança = 70% da Selic + TR
Rendimento mensal da poupança
Com a TR zerada, a poupança passou a render apenas 70% da Selic, o que ainda é melhor que o FGTS (que rende apenas 3% fixo), mas também ficou abaixo do seu potencial histórico.
Exemplo Prático:
Com Selic a 10,75% ao ano e TR zerada:
- Poupança rende: 70% × 10,75% = 7,525% ao ano
- FGTS rende: 3% ao ano (apenas juros fixos)
- Diferença: A poupança rende 2,5 vezes mais que o FGTS
Quando a TR Pode Voltar a Subir?
A TR pode voltar a ter valores positivos se houver mudanças significativas nas condições econômicas:
Condições que podem elevar a TR:
- Aumento da Selic: Se o Banco Central elevar os juros básicos, a TR tende a acompanhar
- Alta inflação: Com IPCA mais alto, a TR pode subir para compensar
- Instabilidade econômica: Crises econômicas podem elevar as taxas de referência
- Mudança na política monetária: Alterações na forma de cálculo da TR pelo BC
No entanto, com o cenário atual de juros controlados e inflação relativamente baixa, especialistas não preveem um retorno significativo da TR no curto prazo. A taxa deve continuar próxima de zero enquanto as condições econômicas se mantiverem estáveis.
Como Consultar a TR Atual
Você pode consultar a TR atual e histórica através de várias fontes:
Fontes de Consulta:
- Banco Central: Site oficial do BCB com histórico completo
- Nossa calculadora: Calculadora de FGTS utiliza dados oficiais do BC
- Bancos: Muitos bancos exibem a TR em seus sites
- Jornais financeiros: Valor Econômico, Folha de S. Paulo, etc.
Perguntas Frequentes sobre TR
A TR pode ser negativa?
Não, a TR não pode ser negativa. Por definição, ela sempre será zero ou positiva. Desde 2017, ela tem ficado praticamente em zero na maioria dos meses.
TR e Selic são a mesma coisa?
Não. A Selic é a taxa básica de juros da economia, definida pelo Copom. A TR é uma taxa calculada pelo Banco Central usando uma fórmula que considera TBF, fator redutor e IPCA. Elas estão relacionadas, mas são diferentes.
Por que a TR está zerada?
A TR está zerada porque os componentes da sua fórmula (TBF, fator redutor) resultam em valores muito baixos quando a Selic está baixa e a inflação controlada. Isso reflete a estabilização econômica do Brasil.
A TR afeta todos os investimentos?
Não, a TR afeta principalmente a poupança, FGTS e alguns financiamentos habitacionais. Outros investimentos como CDB, LCI, LCA e ações não são diretamente afetados pela TR.
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